Produtividade em baixa na vinha e frutícolas

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As últimas previsões agrícolas publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística apontam diminuições de produtividade em muitas culturas e atrasos de colheita generalizados.

As previsões indicam uma diminuição de 20% na produtividade das vinhas para vinho na grande maioria das regiões vitivinícolas, uma quebra que tem como origem acidentes fisiológicos causados pela precipitação na fase de floração/alimpa e de ataques intensos de míldio.

Os pomares de macieiras e pereiras foram afetados pelas condições climatéricas adversas, que se refletiram mais intensamente na produtividade das pereiras, cultura que deverá registar mais uma campanha pouco produtiva. Nas prunóideas o ciclo de produção também não correu favoravelmente, com registo de diminuições de produtividade, face a 2015, no pêssego (-25%) e na amêndoa (-20%).

Nos amendoais os frutos já estão formados apresentando, em muitos casos, a casca exterior aberta. As variedades mais precoces foram as mais afetadas pelas condições climatéricas adversas, sendo que a idade avançada e as reduzidas intervenções agronómicas destes pomares nas principais regiões produtoras (Trás-os-Montes e Algarve) também contribuíram para o decréscimo da produtividade. Estima-se uma diminuição no rendimento unitário de 20% face a 2015, regressando a valores abaixo dos 300 kg/ha. Com as novas plantações de amendoais que se têm instalado no Alentejo, esta situação será certamente alterada. Primavera chuvosa e pressão de doenças condicionam produção vitivinícola A campanha vitivinícola está, na maioria das regiões, atrasada até duas semanas em relação ao normal, encontrando-se entre as fases cacho fechado e pintor/início da maturação. Por esta altura são bem visíveis os estragos provocados pelas más condições climatéricas da primavera, nomeadamente pela ocorrência de precipitação na fase da alimpa (que conduziu a desavinho e bagoinha) e pelo surgimento frequente de intensas infeções secundárias de míldio (muitas delas ao nível do cacho, de tratamento muito difícil). Este cenário, presente em todas as regiões, exceto Algarve, deverá conduzir a uma diminuição da produtividade (-20% face à campanha anterior). Na uva de mesa prevê-se uma produtividade de 9,2 t/ha, próxima da alcançada em 2015.

Já nos cereais de outono/inverno, prevê-se um aumento generalizado da produção, face a 2015, devido aos aumentos de produtividade. Na batata de regadio prevê-se um rendimento unitário semelhante ao da campanha anterior. As chuvas da primavera e o consequente atraso nas plantações prejudicaram o desenvolvimento do tomate para a indústria. As primeiras plantações apresentam rendimentos unitários relativamente baixos, que poderão vir a ser parcialmente compensados pelas mais tardias. Perspetiva-se assim um decréscimo de produtividade face à campanha anterior (-10%).

Área semeada de milho para grão mantém tendência de descida

A instabilidade meteorológica da primavera, em particular a intensa e contínua precipitação, atrasou a instalação das searas de milho, tendo ainda obrigado à ressementeira das efetuadas antes das chuvadas que apresentavam baixas taxas de emergência. Como resultado, foram semeadas áreas importantes de variedades de ciclo curto, necessariamente menos produtivas. Apesar da subida dos preços nos mercados internacionais desde o início do ano (+8%1), o milho continua a cotar-se próximos do valor mínimo de viabilidade económica (preço estimado ao produtor abaixo dos 140 a 150 €/t). A descida dos preços do milho tem sido determinante para a diminuição da área semeada, prevendo-se que nesta campanha a superfície para grão se situe nos 84 mil hectares.

Julho foi o mais quente desde 1931

O mês de julho caraterizou-se, em termos meteorológicos, como extremamente quente e muito seco. O valor médio da temperatura máxima (32,19ºC) foi o mais elevado desde 1931, com um desvio à normal de +3,47ºC. Ocorreram duas ondas de calor (mais de 5 dias consecutivos com a temperatura máxima diária pelo menos 5ºC acima da média para o período de referência) entre os dias 14 e 19, na região do Vale do Tejo e de 23 a 30, no interior Norte e Centro, Vale do Tejo e Alto Alentejo. A quantidade de precipitação foi, em grande parte do território, inferior a 50% da normal, não tendo ocorrido qualquer registo em muitas regiões do litoral Norte e Centro e do Alentejo e Algarve. Estas condições permitiram o normal desenrolar dos trabalhos agrícolas da época favorecendo, em geral, o desenvolvimento das culturas permanentes, notando-se, no entanto, alguns sintomas de stress hídrico nas vinhas e olivais de sequeiro. Verificou-se ainda alguma recuperação do atraso no desenvolvimento vegetativo das culturas temporárias de regadio. Pontualmente observaram-se dificuldades na disponibilização de água aos efetivos pecuários a partir dos recursos hídricos das explorações, em particular no Baixo Alentejo.

No final de julho a percentagem de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, diminuiu em todo o território, sendo inferior a 30% no Algarve e em grande parte do Alentejo. Os valores são normais para a época.

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