A Alternariose da couve-brócolo

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Por Eugénio Diogo1, Ana Lança1, Arlindo Lima2, Artur Amaral3 e Ana Paula Ramos2,4
1 INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

2 ISA – Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa

3 ESAS – Escola Superior Agrária de Santarém

4 LPVVA – Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, ISA, ULisboa

Introdução

A couve-brócolo (Brassica oleracea var. italica) é uma hortaliça do grupo das brássicas, vulgarmente designadas por couves, com elevada importância económica em Portugal. Em 2016, a cultura da couve-brócolo ocupou uma área de 2 254 hectares correspondendo a 20% da área cultivada com brássicas, sendo apenas inferior à área ocupada pela couve-repolho, com cerca de 30% (Fonte: INE, 2016).

À semelhança de outras couves, a produção de couve-brócolo tem vindo a ganhar importância tanto em Portugal como no resto do mundo. Tal deve-se ao reconhecimento das suas propriedades nutritivas e organoléticas por ser um vegetal rico em vitaminas, sais minerais e também glucosinolatos, compostos bioativos com reconhecidos efeitos benéficos para a saúde.

Como qualquer outra cultura, as brássicas estão sujeitas ao ataque de pragas e doenças que podem prejudicar a sua qualidade e rendibilidade. Em Portugal, nos últimos anos, a alternariose tem sido a doença que maiores prejuízos têm causado pondo em causa a rentabilidade das explorações.

Sintomas

A couve-brócolo, tal como outras brássicas, pode ser atacada pela alternariose em qualquer fase do seu desenvolvimento e as infeções afetam todos os órgãos das plantas.

Nas plântulas os sintomas surgem logo após a germinação e consistem em manchas escuras no caule e cotilédones que podem resultar na murchidão ou morte das plantas.

No campo os sintomas surgem em primeiro lugar nas folhas mais velhas (fig. 1). Inicialmente consistem em pequenas pontuações escuras, por vezes rodeadas por um halo amarelado. Estas pontuações aumentam de tamanho formando manchas arredondadas de tecido necrosado. Em condições favoráveis o fungo produz esporos sobre as manchas ficando estas com um aspeto de anéis concêntricos negros e pulverulentos. Por vezes, o tecido afetado destaca-se dando origem a orifícios nas folhas (fig. 2).

Nas inflorescências, os sintomas começam por ser manchas amareladas de aspeto aquoso que evoluem para castanho e negro; à medida que a infeção progride o fungo produz esporos (fig. 3). Por vezes os sintomas ainda não são visíveis à superfície, mas é possível observar podridão dos tecidos internos em corte.

Agente causal

A alternariose da couve-brócolo, bem como de outras brássicas, é uma doença causada por diferentes espécies de fungos do género Alternaria, nomeadamente A. alternata, A. brassicae, A. brassicicola e A. japonica (=A. raphani).

Os fungos do género Alternaria pertencem ao filo Ascomycota, Classe Dothideomycetes, ordem Pleosporales família Pleosporaceae.

Estes fungos infetam todas as espécies cultivadas de brássicas embora algumas espécies tenham preferência por determinados hospedeiros. Enquanto A. brassicae e A. brassicicola têm um vasto leque de hospedeiros, incluindo couve-brócolo, couve-flor, couve-repolho e couve-de-bruxelas, a espécie A. japonica, ataca sobretudo o rabanete embora possa ocorrer esporadicamente noutras brássicas. Infestantes da família Brassicaceae como por exemplo o saramago ou a mostarda-dos-campos ou outras culturas da família das couves (colza, nabo,…) também podem ser hospedeiros.

Na couve-brócolo a espécie detetada com maior frequência e que causa maiores prejuízos é A. brassicicola. Em Portugal esta doença é causada quase exclusivamente por esta espécie.

Alteraria brassicicola carateriza-se por ter um crescimento rápido em cultura, produzindo colónias de cor castanho-oliváceo com zonas de abundante esporulação. Os esporos (conídios) são escuros, cilíndricos a oblongos, muriformes produzidos em cadeias de 8 a 10 esporos. Apresentam um comprimento entre 44 µm e 55 µm e 11 µm a 16 µm de largura, com 5 a 8 septos transversais e 0 a 4 septos longitudinais.

(continua)

Nota: Artigo publicado na edição impressa da Agrotec 25.

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