São a ‘espinha dorsal’ do mundo rural, mas são discriminadas: o retrato da Mulher agricultora

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Na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher Rural (15 de outubro), a Corteva Agriscience publica os resultados de um estudo realizado em 17 países e que revela que as mulheres agricultoras ainda se sentem discriminadas, com menos de 50% a dizer-se valorizada, ouvida ou capacitada para tomar decisões.

Com cerca de 4000 inquiridas, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, o estudo mostra que “a discriminação de género é transversal, persistente e coloca obstáculos à capacidade produtiva das mulheres que trabalham na agricultura.”

Na Península Ibérica, em particular, a perceção da discriminação com base no género é particularmente alta, com níveis que se podem equiparar à Índia, indica o estudo: cerca de três quartos (78%) das mulheres referem que acreditam que não existem, no seu dia-a-dia, as mesmas oportunidades, nem as mesmas possibilidades de tomada de decisão sobre questões fundamentais, como a utilização dos recursos ou benefícios. Neste indicador, o valor mais baixo valor é o dos Estados Unidos, com 52%.

Para além disso, quase 40% das inquiridas afirmam ter rendimentos mais baixos que os homens e menos acesso a financiamento. No topo das suas preocupações surgem a estabilidade financeira, o bem-estar de suas famílias e alcançar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

“Estas mulheres, que já percorreram um caminho importante na sua formação técnica e específica para as tarefas que levam a cabo, apresentam um perfil que, globalmente e apesar das diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, é muito semelhante entre si. Estão orgulhosas de trabalhar no setor agrícola, mas também ambicionam um maior reconhecimento e consciência social do seu trabalho e das diferenças de género. Para elas, é vital que a sociedade entenda a importância da conciliação e que, juntamente com o desenvolvimento da vida profissional, coexistam conceitos-chave como a família, a estabilidade financeira e a própria saúde”, explica ainda o documento.

Mais formação e mais consciência social das diferenças de género

As mulheres rurais ouvidas no âmbito deste estudo revelam que, no futuro, gostariam de ter mais formação, tanto académica quanto técnica, e uma maior consciência social das diferenças por género.

Segundo Raquel Cortesão, responsável de nutrição animal da CortevaTM Agriscience Ibéria, existe na Península Ibérica “um sentimento de incompreensão em torno da conciliação e das necessidades familiares no ambiente de trabalho, uma vez que apenas 22% das inquiridas afirmam estar satisfeitas neste aspeto face aos 33% médios. Além do mais, um terço das inquiridas consideram que o seu salário é insuficiente, o que também nos coloca no topo da tabela”.

“Uma das maiores dificuldades sentidas é o tratamento que recebemos da parte de alguns clientes, vendo-nos como objetos e, independentemente da nossa capacidade e domínio técnicos, os comentários ultrapassam em muito esse fator. E impor esse respeito leva bastante tempo numa visita, por vezes bastantes meses, ou anos, até conseguirmos gerir essas intervenções”, refere ainda Raquel Cortesão.

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