O rendimento em azeite na cultivar de oliveira “Arbequina”

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Por Mariana Mota (DCEB/LEAF – ISA) | Teresa do Paço ( (DCEB/LEAF – ISA) | Hanaa Darouich (ISA)

Resumo

Na região sul de Portugal, os olivais de alta densidade estão em grande expansão.

Nesta região, a precipitação está concentrada principalmente no inverno e o verão é muito quente e seco, o que obriga a rega frequente dos olivais nesse período. Como a água é um recurso escasso, tem de ser eficientemente usado. Este trabalho mostra a utilização do modelo SIMDualKc para estimar as necessidades de água num olival em sebe e otimizar o rendimento em azeite na cultivar de oliveira “Arbequina”.

Para tentar relacionar a gestão da água com o rendimento, foram recolhidas amostras de azeitonas periodicamente durante a fase de maturação para acompanhar a evolução dos frutos.

Os dados referentes às necessidades hídricas durante a maturação foram analisados, ​​juntamente com os dados referentes à evolução dos frutos, sugerindo os resultados de 2015 e 2016 que existe um ponto ótimo onde o rendimento em azeite/fruto é máximo; após esse momento, aumenta principalmente o teor de água dos frutos, mas não o rendimento em azeite.

A gestão da rega deve considerar este aspecto por razões ambientais e económicas, mas também porque o processo de extração de azeite é mais eficiente e as propriedades sensoriais e a vida útil são beneficiadas no caso de frutos com baixo teor de água. O uso deste modelo contribui para uma gestão otimizada da utilização da água e da produção de azeite.

Azeite e água: a mistura perfeita?

A oliveira, o azeite e a água

A cultura da oliveira é uma das mais importantes em Portugal. Tradicionalmente feita em condições de sequeiro, nos últimos anos tem-se assistido a um grande incremento dos olivais em regadio, sobretudo na região do Alentejo.

Particularmente nesta zona, o regadio surgiu em associação com a exploração em elevadas densidades de plantação, exigindo uma gestão muito precisa em termos de intercepção de luz, uso de nutrientes do solo e dos recursos hídricos, mas permitindo um grande aumento da produtividade da planta em termos de quantidade de azeitona e do rendimento em azeite.

Nesta região, com um clima mediterrâneo de temperatura amena associado à precipitação anual concentrada no inverno e a uma estação quente e seca no verão, o olival exige rega frequente durante o período estival. No entanto, a água é um recurso escasso que precisa, portanto, ser eficientemente utilizado.

Sendo verdade que a rega tem que considerar as elevadas necessidades de água deste sistema de produção, é também necessário atender a que a disponibilidade excessiva pode conduzir a um menor rendimento de extração de azeite e a uma menor qualidade do azeite extraído, para além de poder conduzir a um excesso de produção que afectará fortemente o crescimento vegetativo e a produção de frutos no ciclo seguinte.

A gestão tem assim de ser extremamente rigorosa, pois não só o azeite é mais difícil de extrair de frutos com alto teor de humidade (decorra este da precipitação ou da rega) como a rega excessiva pode afetar negativamente a composição do azeite em ácidos gordos, propriedades sensoriais (acidez, sabor frutado), níveis de peróxido (relacionados com a oxidação) e poder de conservação.

A necessidade de rega no olival

A estimativa das necessidades de rega de um olival decorre do cálculo da quantidade de água transpirada pelas plantas (necessidades hídricas das plantas) e da quantidade de água evaporada quer das plantas quer do solo, tendo em consideração a água proveniente da precipitação.

A esta contabilização chama-se balanço hídrico e há várias formas de o calcular. Quase todos estes métodos de cálculo se apoiam nos chamados coeficientes culturais (Kc), que são multiplicados pela evapotranspiração de referência (ETo) para calcular a evapotranspiração da cultura em causa (ETc). O método de cálculo pode recorrer aos coeficientes culturais duais para estimar a evapotranspiração.

A adopção da abordagem dos Kc duais, que se divide na componente de evaporação do solo (Ke) e na componente do coeficiente cultural basal (Kcb) pode produzir estimativas de ETc mais precisas.

O modelo SIMDualKc

O modelo SIMDualKc foi desenvolvido para calcular a evapotranspiração cultural recorrendo à utilização de Kc duais e realizar simulações de balanço hídrico do solo para gestão e calendarização da rega.

O modelo SIMDualKc tem sido aplicado com sucesso em diferentes culturas em várias regiões, por exemplo, trigo na China e Síria, milho na China, Brasil e Portugal, algodão no Uzbequistão e pessegueiro no sul de Portugal.

Este balanço é efectuado a uma escala local, da parcela, usando a abordagem do coeficiente cultural dual para simular a ETc, tomando em consideração a evaporação do solo (Es) de forma separada da transpiração da cultura.

Assim, consegue-se melhorar a precisão do cálculo da evapotranspiração real da cultura (ETact), considerando o humedecimento do solo por rega ou pela precipitação, bem como o efeito das práticas agronómicas. O modelo simula a evapotranspiração da cultura diariamente, usando a evapotranspiração de referência (ETo, mm) e os coeficientes basal e de evaporação do solo (Kcb e Ke, sem dimensões).

(Continua)

Nota: Artigo publicado na edição impressa da Agrotec 24.

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