Multinacionais exigem fim do trabalho forçado na indústria do óleo de palma

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O ‘The Consumer Goods Forum’ e a ‘Fair Labor Association’ publicaram esta semana um relatório que mostra que o trabalho forçado na indústria do óleo de palma está longe de terminar e pedem às empresas produtoras de bens de grande consumo que pensem no papel que podem ter para acabar com o problema.

A Malásia e a Indonésia são, atualmente, os dois maiores produtores de óleo de palma do mundo, com cerca de 86% da produção global e mais de 3,5 milhões de trabalhadores. O estudo agora publicado mostra, no entanto, que apesar dos esforços para o desenvolvimento de produções mais sustentáveis, existem ainda vários indicadores, nestes países, de práticas de trabalho forçado como violência, ameaças, falta de proteção do Estado e tempo de trabalho excessivo e involuntário.

O documento frisa ainda o papel que as empresas produtoras de bens de grande consumo podem ter para mitigar os riscos de trabalho forçado nesta indústria e sugere uma ação coletiva para promover o diálogo entre governos, empresas e fornecedores destes países e colocar um ‘ponto final’ neste tipo de práticas.

Olaf Koch, CEO da Metro, que em Portugal detém a Makro, e Co-Chair do ‘The Consumer Goods Forum’, sublinha que “no mundo da sustentabilidade, os problemas ambientais relacionados com o óleo de palma têm ofuscado as preocupações com os direitos humanos. Graças a este último relatório, ninguém pode negar que este problema existe. Com o apoio da ‘Fair Labor Association’ e dos nossos membros, é altura de impulsionar uma mudança positiva neste problema”.

Já Marc Engel, Chief Supply Chain Officer da Unilever, uma das maiores utilizadoras de óleo de palma do mundo, sublinha que “como membros do ‘The Consumer Goods Forum’, estamos convencidos de que as empresas devem trabalhar de forma colaborativa. Quando o tema é a erradicação do trabalho forçado, não há tempo a perder e é imperativo mantermo-nos vigilantes para resolver a raiz do problema (…) A Unilever é um dos maiores compradores de óleo de palma e os dados deste relatório são extremamente valiosos e irão ajudar-nos a fortalecer os nossos esforços para acabar com o trabalho forçado a nível global”.

Em maio deste ano, o Parlamento Europeu anunciou que pretende banir as importações de óleo de palma para o espaço comunitário já em 2021, seja para utilização em biocombustíveis ou para produção alimentar.

Roberto Torri, diretor de Relações Institucionais da Ferrero Ibérica, disse na altura, em entrevista à revista DISTRIBUIÇÃO HOJE, que considera que essa proibição “é uma utopia”: “70% dos produtos alimentares são feitos com óleo de palma. Se amanhã alguém disser que não permite mais a sua utilização, não existe outro óleo vegetal que o possa substituir porque não existem quantidades suficientes de outros óleos vegetais para poder produzir todos os milhões de produtos que se fabricam em todo o mundo.”

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