Língua azul mata dezenas de ovelhas em Portugal

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Na passada semana foi noticiado que dezenas de ovelhas morreram no concelho de Abrantes devido à doença da língua azul. A notícia motivou uma troca de acusações entre a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e o Agrupamento de Defesa Sanitária de Santarém e já levou o Gabinete do Ministério da Agricultura a emitir um esclarecimento.

De acordo com uma notícia da TSF, que cita o veterinário do Agrupamento de Defesa Sanitária dos municípios de Abrantes, Constância e Sardoal, Adérito Galvão, “de um total de 15 mil ovelhas existentes em 400 explorações e rebanhos nos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, mais de 50% está infetado com o vírus da língua azul, uma situação de calamidade para estes produtores. Só em Alvega [Abrantes] um produtor já perdeu 70 cabeças”.

Segundo o médico veterinário, “o Ministério da Agricultura só previu a vacinação de vacas e não de ovelhas”, o que colocou os animais em perigo. O diretor geral de Alimentação e Veterinária, Fernando Bernardo, diz por sua vez que a falha foi dos médicos veterinários, que não detetaram a doença a tempo.

A TSF refere que segundo o médico veterinário da região ribatejana, “as vacinas foram apenas cedidas às zonas de restrição do vírus, entre elas o Alentejo, mas o vírus propagou-se pelos mosquitos e entrou no Ribatejo no início de novembro, tendo apanhado todas as ovelhas por vacinar, uma vez que esta região não foi considerada zona de risco”.

O esclarecimento agora emitido pelo Gabinete do Ministério da Agricultura, através da DGAV, explica que “a ‘Língua Azul’ é uma doença viral, infeciosa não contagiosa, que atinge os ruminantes não sendo transmissível aos humanos. Estão descritos 26 serotipos do vírus sem imunidade cruzada, que resultam em doenças diferentes. O agente é transmitido por insetos do género Culicoides, que são os vetores biológicos, dependendo a distribuição geográfica da doença da presença de certas espécies de Culicoides (nomeadamente C. imicola, C. obsoletus e C. pulicaris). Em Portugal encontra-se atualmente em circulação o serotipo 1 da Língua Azul na totalidade do território continental e o serotipo 4 na região do Algarve.”

Para além disso, é referido que “estão em curso campanhas de vacinação obrigatória dos ovinos reprodutores e dos jovens destinados à reprodução dos efetivos das áreas consideradas de risco. Fora das áreas de risco é ainda permitida a vacinação voluntária dos ovinos e bovinos, mediante procedimento específico.”

“Em 2016, na sequência de suspeitas clinicas num efetivo de ovinos do concelho de Benavente, foi confirmado um foco de serotipo 1 de Língua Azul, que determinou a 25 de outubro, o alargamento da área de vacinação obrigatória aos concelhos de Benavente, Coruche, Alcochete, Palmela e as freguesias de Canha e Pegões do concelho do Montijo, através do Edital 41. Posteriormente a circulação do vírus veio a detetar-se em diversos efetivos de ovinos dos concelhos de Abrantes, Chamusca, Setúbal, Sardoal, Proença-a-Nova e Fundão, o que determinou novo alargamento da área de vacinação obrigatória através do Edital 42, publicado a 18 de novembro”, acrescenta a DGAV.

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