Falta de informação e formação prejudicam desenvolvimento da cultura de espargo em Portugal

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O desenvolvimento da cultura do espargo em Portugal está a ser penalizado pela falta de formação e informação dos produtores, bem como pela insuficiência de pontos de concentração e de uma rede de comercialização eficaz, o que impede o acesso a novos mercados com maior valorização, como os países do centro da Europa.

O alerta é dado pela Cooperativa Agrícola Terras de Felgueiras, a quem os produtores nacionais de espargo têm recorrido com elevada frequência, expondo muitas dúvidas no que respeita ao bom manuseamento do espargo na apanha, à otimização da rega e a pragas que vão aparecendo em cada ano.

«Em Portugal, existem cerca de 150 produtores de espargo, considerando os profissionais que o fazem de modo intensivo e em grandes áreas, produtores de pequena dimensão mas também profissionais, e ainda aqueles que têm pequenas produções de quintal para autoconsumo e os que o fazem de um modo selvagem, nas zonas de Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo», explica Rui Pinto, diretor da Cooperativa Agrícola Terras de Felgueiras.

O mesmo responsável destaca a crescente curiosidade e interesse que o cultivo de espargo está a despertar no país nos últimos anos, o que levou a que, com o objetivo de esclarecer as muitas dúvidas colocadas pelos produtores, a Cooperativa Agrícola de Felgueiras, em parceria com as empresas Villabosque (Santarém) e Vale de Ceras (Tomar), convocasse os produtores de espargo para um primeiro encontro a nível nacional, a realizar esta sexta-feira, 25 de janeiro, na Casa das Artes de Felgueiras.

«Queremos despertar e fomentar o interesse pelo cultivo desta iguaria, evitando que se crie uma moda do espargo e que esta moda possa depois denegrir a cultura e todos os anos de esforço por parte dos empresários já instalados. O espargo nacional tem um enorme potencial, mas para isso temos de ser profissionais, desde a produção até à comercialização», afirma Rui Pinto.

Outro objetivo do 'I Encontro Nacional dos Produtores de Espargo' será o de descontruir a ideia de que a utilização do espargo na gastronomia portuguesa se associa, exclusivamente, a uma vertente gourmet.

«Neste momento, podemos dizer que estamos no ano zero em termos de sensibilização por parte da gastronomia para com esta cultura. Ainda associamos muito o espargo a pratos mais elaborados de alta cozinha. Em Portugal, à exceção dos grandes centros – Lisboa e Porto -, o consumo deste vegetal é muito reduzido e os principais clientes do espargo nacional são Espanha e França, onde o espargo é um produto com muita aceitação, apreciado de várias maneiras e generalizado por toda a população», reforça Rui Pinto.

A Cooperativa Agrícola de Felgueiras estima que a produção média anual de espargo em Portugal se situe entre as 3 e as 3,5 toneladas por hectare, com uma capacidade instalada que atinge entre 80 a 90 hectares.

«Pensamos que uma produção de 5 a 6 toneladas por hectare pode facilmente ser alcançada se todas as condições se reunirem. Há cerca de 10 anos falava-se num potencial de negócio de €1,5M, mas hoje em dia este número poderá já ser de €3M ou €4M», avança Rui Pinto.

O 'I Encontro Nacional dos Produtores de Espargo' vai reunir em Felgueiras, a 25 de janeiro, especialistas e técnicos profissionais portugueses e internacionais, abrangendo as áreas da produção, comunicação e comercialização, da propagação das garras e da nutrição da cultura, dando ênfase à produção convencional, mas também à produção em modo biológico.

Apesar do principal enfoque estar no espargo verde, a produção do espargo branco e do espargo roxo será também abordada no decorrer do evento.

«Esperamos que este encontro possa ser o fechar de um ciclo inicial de aprendizagem para os empresários agrícolas se lançarem com convicção na cultura do espargo», conclui Rui Pinto.

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