DIVA incentiva setor agroalimentar a inovar

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A tecnologia está cada vez mais presente no setor agroalimentar nacional. Contudo, há ainda um caminho a fazer e, para isso, os empreendedores nacionais contam com o apoio do projeto DIVA.

A inovação entrou no vocabulário agrícola e veio para ficar. Apesar de a agricultura não ter apanhado cedo o barco da inovação atualmente, um pouco por todo o país, nascem projetos associados à inovação que, em muitos casos, são possíveis graças a financiamento da União Europeia.

A dificuldade em aceder à inovação prende-se, por exemplo, com “a maturidade das soluções, a perceção de valor de novas abordagens, a formação, a disseminação da informação, nomeadamente de boas práticas, e o investimento”, comenta Sara Neves e Alexandra Xavier, responsáveis pelo projeto DIVA no INESCTEC.

O DIVA é um projeto da União Europeia, no âmbito do Horizonte 2020, ligado às cadeias de valor tecnológicas. O objetivo é apoiar o aparecimento e desenvolvimento de novas cadeias de valor industriais DigiTech, que tenham aplicação no sector agroalimentar e florestal e sectores relacionados com o meio ambiente. O foco será dado aos mercados digitais: big data, robótica e inteligência artificial, IoT e componentes digitais/eletrónicos/fotónicos.

O projeto reúne dez parceiros de seis países europeus. Em Portugal, integram esta iniciativa a INOVISA e o INESC TEC. A primeira entidade é responsável pelo instrumento internacionalização, que visa apoiar empresas no seu desenvolvimento internacional, seja através de soft-landing, seja através de mentoria com experts em internacionalização, entre outras atividades. Já o INESC TEC lidera o desenvolvimento das ferramentas de suporte e inspiração à inovação; são autores do Trend Map e do Digitec Value Chain, responsáveis pela avaliação dos desafios, no âmbito da Call for Challenge; gestão operacional da Call for Challenge & Call for Solutions (disseminação, suporte, acompanhamento), avaliação dos projetos, acompanhamento e apoio à implementação dos mesmos.

A tecnologia faz parte do quotidiano de muitos agentes económicos ligados ao setor agroalimentar e florestal. Os recursos tecnológicos permitem ser mais eficientes naquilo que já se pratica, mas também são sinónimo de novos negócios. Contudo, os desafios ainda são vários, como explicam Luís Mira Silva e Sofia Mevill de Araújo, responsáveis pelo projeto na INOVISA: “são vários os desafios no desenvolvimento das cadeias de valor digitais como, por exemplo, as soluções tecnológicas são, na maioria dos casos, isoladas para aplicações específicas, não são facilmente integradas com outras tecnologias e são difíceis de escalar a nível internacional ou aplicar a outros sectores. São por isso necessários esforços para reunir diferentes fornecedores de tecnologia, a fim de criar novas cadeias de valor digitais que possam oferecer produtos e serviços integrados para aplicações mais amplas e com maior potencial de internacionalização; os fornecedores de tecnologia precisam de conhecer e resolver os requisitos reais dos usuários finais. A fertilização cruzada é, portanto, necessária para o surgimento de soluções inovadoras e relevantes; e a necessidade das pequenas empresas fornecedoras de tecnologia venderem as suas soluções para desenvolverem os seus negócios nem sempre é cumprida. Uma boa estratégia para as pequenas empresas consiste em desenvolver sinergias e agrupar as suas ofertas comerciais para serem mais visíveis e mais eficazes”.

O DIVA tem uma linha de financiamento de três milhões de euros e na primeira call, os projetos aprovados (que vão estar disponíveis em www.projectdiva.eu) representam um valor de investimento de 300 mil euros. Os projetos são apoiados através de vouchers que são entregues às startups. Estas irão utilizá-los para desenvolver as suas soluções. O valor do voucher varia entre 10K e 60K €, consoante o instrumento a que se candidataram (maturação, internacionalização ou demonstração).

Seguimos o trilho da inovação
O setor agroalimentar não será dos mais tecnológicos do mundo, mas o caminho está a ser feito e há já muitos bons exemplos nesta cadeia de valor digital. “Não se pode dizer que o sector esteja com falta de inovação, antes pelo contrário. Têm vindo a aparecer projetos extremamente interessantes, tanto ao nível das startups como ao nível das grandes empresas, por exemplo, dos fatores de produção ou das soluções tecnológicas. Na verdade, o sector agroalimentar, e particularmente o sector da produção agrícola, acordou tarde para a transformação digital, mas recentemente tem havido muita dinâmica de inovação”, comentam Luís Mira Silva e Sofia Mevill de Araújo. Este processo, defendem, “vai continuar” porque “no próximo quadro de apoio da Política Agrícola Comum, por exemplo, vai haver uma aposta forte na digitalização do setor. Vai haver também uma aposta forte nos serviços técnicos de aconselhamento (o chamado advisory) e na capacitação dos agricultores, para que a inovação chegue a um número tão grande de agricultores quanto possível. Vai continuar também o apoio aos Grupos Operacionais, que são consórcios multi-ator que desenvolvem projetos de inovação no sector agrícola, por exemplo, juntando universidades, associações de agricultores e startups”.

O caminho para se continuar a apoiar mais a inovação no país será continuar o trabalho feito até aqui, mas, ressalvam os responsáveis da INOVISA “é preciso que depois esta inovação chegue a todos, ou pelo menos a muitos, por isso é necessário disseminar os resultados e trabalhar com os técnicos do setor para que a inovação e as soluções digitais sejam adotadas no terreno de forma alargada”.

O futuro DIVA
Até ao final dos anos, as equipas vão estar focadas em apoiar os projetos da primeira call. A próxima submissão de projetos está agendada para o dia 2 de dezembro e estará aberta até fevereiro de 2020. Os projetos terão que estar executados até final de 2020.

Financiamento de ações de inovação, tais como:

  • Relacionadas principalmente com atividades que visam diretamente o novo design de produtos, processos ou serviços novos, alterados ou aprimorados. Para este propósito, eles podem incluir prototipagem, teste, demonstração, pilotagem, validação de produtos em larga escala e replicação de mercado.
  • Uma demonstração ou piloto que tem como objetivo validar a viabilidade técnica e económica de uma tecnologia, produto, processo, serviço ou solução nova ou melhorada num ambiente industrial ou outro, envolvendo, se for o caso um protótipo.
  • Uma “replicação do mercado” visa suportar implementação no mercado de uma inovação já demonstrada, mas que ainda não foi aplicada no mercado por dificuldades de a ele chegar ou falta de aceitação do produto.
  • Os projetos devem ter atividades de investigação e desenvolvimento concisa.

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Fonte: Vida Rural

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