China: saiba como o país revolucionou a sua agricultura e se tornou mais ‘verde’

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Com uma população de 1,4 mil milhões de pessoas, a China é responsável por um consumo alimentar que tem vindo a mudar a forma como o ‘mundo’ produz e compra comida. Conhecido por ser um dos ‘celeiros do mundo’ e por ter 7% da área cultivável do planeta, o país é praticamente autossuficiente no trigo, no arroz e no milho, mas nos últimos anos teve que levar a cabo uma revolução. Essa revolução permitiu-lhe continuar a alimentar cerca de 20% da população mundial e ter uma agricultura mais ‘verde’.

De acordo com a Bloomberg, a revolução agrícola chinesa deverá ter começado há cerca de quatro décadas, quando a carne de bovino e o leite se tornaram no país luxos raros.

Contudo, o acelerado aumento da produção criou no país um novo problema: a poluição atmosférica. A publicação Nexo indica que os produtores chineses utilizam cerca de 305 kg de nitrogénio por hectare por ano, um valor quatro vezes superior à média global, estimada em 74 kg. Para além disso, na China só 32% do que é produzido é aproveitado para consumo. A média mundial é de 55%.

Foram estes números que levaram um grupo de investigadores chineses a unirem-se para criar uma ‘revolução verde’ na agricultura do país. O trabalho, publicado na revista científica Nature, uma das mais reputadas a nível mundial, contou com um orçamento de 54 milhões de dólares, 1 152 investigadores, mais de 140 mil profissionais do setor dos agronegócios e mais de 20,9 milhões de pequenos agricultores, que num período de dez anos (no decorrer da investigação) foram convidados a adotar várias práticas agrícolas sustentáveis, num total de 37,7 milhões de hectares cultiváveis. O objetivo? Traçar um retrato de como as culturas podem mudar de acordo com diferentes métodos de cultivo e utilização de diferentes fatores, como agroquímicos e água.

Depois da fase de avaliação, os investigadores desenvolveram planos de ação para formar os agentes envolvidos e capacitar os agricultores com os princípios científicos para um desenvolvimento sustentável. Entre as recomendações estavam, por exemplo, medidas como a redução de cerca de 20% da utilização de nitrogénio para os produtores de arroz do nordeste da China.

Resultados? Durante os dez anos de duração da investigação, as práticas sustentáveis permitiram que a produção de arroz, milho e trigo fosse entre 10,8% a 11,5% superior às culturas produzidas de acordo com métodos convencionais. A quantidade de nitrogénio utilizada passou a ser entre 14,7% e 18,1% menor.

O estudo está a ser alvo de algum ceticismo por parte de especialistas do setor, que dizem que o sucesso deste modelo se deve, sobretudo, ao caráter intervencionista do Governo chinês, com a atribuição de subsídios aos produtores do país, o que poderia inviabilizar a ideia noutras regiões do planeta.

Os resultados completos do estudo podem ser conhecidos aqui.

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