Apicultura pode ser afetada com aplicação de pesticidas em mais de 1500 hectares

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Quercus alerta para o risco de aplicação de pesticidas em eucaliptais das celuloses.

As empresas Altri Florestal e The Navigator Company efetuaram recentemente avisos para aplicação de pesticidas em alguns dos seus eucaliptais afetados pela praga do gorgulho do eucalipto em zonas de serra no centro e norte do País, o que preocupa sobretudo os apicultores, devido ao risco de afetação das abelhas e consequentemente sobre a produção de mel.

Os avisos enquadram-se no “Plano de Ação Nacional para o controlo das populações de Gonipterus platensis” e referem que vão iniciar a pulverização os seus eucaliptais afetados pelo gorgulho, com o pesticida EPIK, nesta época de chuvas.

O EPIK SL é um inseticida sistémico do grupo dos neonicotinóides, à base de acetamiprida e que atua por contacto e ingestão.

«Atua no sistema nervoso como antagonista do recetor nicotínico da acetilcolina e está homologado para aplicação em eucalipto, para controlar a praga do gorgulho do eucalipto (Gonipterus platensis). Também estão previstas pulverizações com o inseticida EPIK SG que é nocivo e perigoso para o ambiente», explica a Quercus.

«Apesar de se referir que ambos os produtos comerciais são isentos de classificação para as abelhas, não constituindo perigo para estes insetos úteis quando usados nas doses e concentrações para os quais de encontram autorizados, existem receios de apicultores, dado o risco de utilização de pesticidas neonicotinóides para a abelha melífera, assim como para outros polinizadores», acrescenta a associação ambientalista.

O tratamento dos povoamentos (à semelhança do procedimento de aplicação de qualquer outro tratamento com fitofármacos) deve ser precedido da comunicação aos apicultores com apiários situados até 1,5 km em redor das áreas a tratar (DL nº 26/2013 de 11 de abril).

A área total para as aplicações dos pesticidas é superior a 1500 hectares e ocorre em diversos concelhos desde Águeda, a Tondela, na serra do Caramulo, mas também em Arouca, Arganil, Viseu, Góis, Figueiró dos Vinhos e Pampilhosa da Serra, mesmo em áreas que foram fustigadas pelos grandes incêndios de 2017.

Para além desta luta química, nos últimos anos as empresas de celulose avançaram também com a luta biológica, utilizando um inseto parasitóide exótico para combater a praga do gorgulho do eucalipto, que deveria ser para evitar os possíveis efeitos nefastos decorrentes do uso deste tipo de pesticida.

A utilização de luta química para controlo de uma praga associada às monoculturas de eucalipto em áreas serranas, revela a insustentabilidade da cultura nestas áreas, sobretudo devido à falta de adaptação climática, recorda a Quercus.

Um estudo recente da Escola Superior Agrária de Coimbra demostrou que a mortalidade nas abelhas é superior quando a aplicação deste inseticida é feita por contacto e que a expressão genética das abelhas era alterada, pela ausência de proteínas na zona que contém o inseticida (EPIK).

A Quercus considera fundamental recorrer ao princípio da precaução no sentido de não se efetuarem pulverizações com pesticidas, nomeadamente neonicotinóides nos eucaliptais próximos de apiários ou colmeias para produção de mel, no entanto, caso se venham a confirmar problemas de afetação ou mortalidade das populações de abelhas melíferas, devem os promotores serem responsabilizados.

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Fonte: Agrotec

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