Amendoim pode entrar na rotação com outras culturas

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A Torriba tem hoje 15 produtores a produzir amendoim em cerca de 450 hectares, no âmbito da parceria com a PepsiCo, e ainda pode vir a aumentar. É uma cultura que tem uma relação interessante custo/rentabilidade e “pode entrar após outras produções, como a ervilha, a batata e a cenoura, ou em rotação com o milho e o tomate”, explica-nos Rodrigo Vinagre.

Rodrigo Vinagre, diretor da Torriba e também produtor de amendoim, afirma que “fazer rotação com esta cultura é muito benéfico porque, como é uma leguminosa, fixa o azoto no solo, deixando maior quantidade disponível para a cultura seguinte”. E adianta que “também ajuda no controlo das infestantes”.

Três anos depois da primeira reportagem sobre a produção de amendoim no Ribatejo, a VIDA RURAL voltou agora para perceber se a cultura já provou valer a pena e se veio para ficar. E a avaliação da Torriba e dos produtores é muito positiva. “É uma cultura em que, passados setes anos, conseguimos dominar o manuseamento, e já temos conhecimento no controlo de infestantes com sucesso e também o controlo eficaz das doenças e pragas, que temos vindo a afinar ao longo destes anos”, assegura Rodrigo Vinagre, frisando que “já tínhamos conseguido o girassol para rotação nas terras mais fortes, de argilas, e agora temos o amendoim para rodar nas terras mais arenosas”.

Luís Caçador – que produz amendoim em 15 hectares a meias com o cunhado Luís Rouxinol – diz-nos que está “satisfeito com a cultura e até estamos a pensar duplicar a área no próximo ano. É uma cultura interessante, que fazemos em rotação com o milho. É melhoradora do solo (vê-se mesmo o rhizobium que fica no campo), pelo que temos de fazer menos aplicações depois”, e defende que “precisamos de mais culturas assim, alternativas inovadoras”.

Torriba pode vir a aumentar área

De início, a organização de produtores teve o apoio de técnicos norte-americanos da multinacional que lhe compra o amendoim, mas “hoje temos um corpo técnico capaz de responder aos desafios da cultura”.

O diretor adianta ainda que “a Torriba tem tentado aprender tudo o que pode sobre a cultura para depois divulgar aos seus associados. Fomos aos Estados Unidos ver qual a tendência nas variedades e as novas técnicas culturais de rega e fertilização, para conseguirmos que a cultura acompanhe a evolução”.

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“Estes últimos anos foram fundamentais para formar um grupo de agricultores que produza todos os anos”, afirma o responsável, acrescentando que a Torriba quer promover a cultura, procurando “produtores que dediquem uma área mínima de dez hectares ao amendoim, para rentabilizar a utilização dos equipamentos e que tenham área de rotação suficiente, porque no amendoim os resultados dependem muito da rotação”.

A OP tem já um grupo de cerca de 15 agricultores, com 450 hectares, que “sente que esta é uma cultura que entra no seu esquema de produção habitual e há novos que estão a juntar-se ao grupo porque veem potencial. O preço dos cereais está baixo pelo que os agricultores procuram alternativas, o amendoim é uma cultura que tem uma relação interessante custo/rentabilidade e também pode entrar após outras produções, como a ervilha, a batata e a cenoura, (que termina em abril/maio e depois em maio/junho entra o amendoim) ou em rotação com o milho e o tomate”.

Variedades mais precoces

Há três anos, o maior problema era a necessidade de antecipar a colheita, precisando por isso de variedades mais precoces. Essa questão ficou resolvida logo na campanha seguinte: “Já trabalhamos com duas variedades bastante mais precoces e com um potencial de qualidade e quantidade muito melhor”, diz-nos Rodrigo Vinagre, adiantando que o “potencial de produção pode chegar às 5,5/6 toneladas, embora a média ronde as 3,8 toneladas”.

Com estas variedades consegue-se antecipar um pouco a colheita, para tentar fugir às primeiras chuvas de outono, começando, normalmente, no final de setembro e prolongando-se até meados de novembro.

O diretor da Torriba salienta, todavia, que “um dos atuais pontos críticos, não só para a cultura do amendoim mas para toda a agricultura, é a instabilidade do clima, como aconteceu este ano, e já em anteriores, com uma primavera muito chuvosa que atrasou as sementeiras”.

Luís Caçador e Luís Rouxinol, produtores de amendoim

Luís Caçador e Luís Rouxinol, produtores de amendoim

O produtor explica ainda que “o amendoim também precisa de verões, como o que tivemos este ano, com temperaturas médias de 28° a 30° e noites amenas, porque a partir dos 34° a planta para o seu desenvolvimento”.

Secagem é feita em Espanha

A chuva prejudica na altura da colheita porque esta é feita em duas fases; arranque do amendoim que fica depois no campo a secar durante cinco a dez dias (daí a importância de não chover) e depois o amendoim é colhido e transportado em camiões para a secagem. No caso da Torriba “a secagem é feita em Espanha, numas instalações em Badajoz”. Estas instalações dão apoio aos produtores da Península Ibérica que trabalham com a multinacional, mas Rodrigo Vinagre salienta que, “nesta altura, Espanha está a produzir pouco mais do que nós” e refere: “O tipo de solo na região é mais forte e encorpado que o nosso, pelo que tem mais potencial produtivo mas também provoca maiores problemas na colheita”.

O diretor salienta que “é importante que a secagem seja feita no campo porque a secagem natural é melhor, dá mais qualidade ao amendoim, além de que a secagem industrial tem mais custos”. Os custos de cultura rondam os 2.200-2.500€ por hectare, sem renda da terra, mas também “dependem muito do custo da secagem”.

A primeira fase da parte industrial é feita em Espanha, nomeadamente “a limpeza, secagem e calibração, sendo depois o amendoim colocado em big bags e enviado para a Holanda onde se processa a fase de descasque, embalamento, etc.”.

O responsável explica-nos que “a cultura está totalmente mecanizada, sendo que os semeadores podem ser os do milho, só mudam os discos. Para a colheita, há prestadores de serviços que têm arrancadoras e colhedoras”.

A Torriba apostou na produção de amendoim na zona do Vale do Tejo e Sorraia, principalmente nos eixos: Almeirim/Benavente e Couço/Coruche, porque têm solos arenosos ou franco arenosos, permitindo assim sementeiras mais precoces.

Artigo publicado na edição de novembro de 2016 da revista VIDA RURAL

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