Agricultura urbana sustentável: a solução para a alimentação?

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É possível produzir no meio das cidades algumas culturas agrícolas básicas como o milho, garantindo um nível nutricional adequado. A conclusão é de um estudo publicado por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e mostra que a agricultura urbana que utiliza apenas desperdício alimentar e resíduos verdes como fertilizante pode ser uma solução para nos alimentarmos no futuro.

De acordo com os investigadores, a agricultura urbana sustentável assenta na ideia de que os centros urbanos também podem ser locais que promovam a agrodiversidade através da utilização da diversidade de variedades locais e a economia circular, através da utilização de resíduos urbanos orgânicos.

No estudo agora publicado, os investigadores demonstram que é possível produzir uma cultura agrícola básica – o milho – em contexto urbano, com um rendimento agrícola adequado e utilizando apenas fertilizantes orgânicos obtidos localmente através da compostagem de resíduos alimentares e resíduos verdes, fechando assim o ciclo orgânico urbano.

Além disso, os investigadores compararam o rendimento nutricional resultante do cultivo de duas variedades de milho: um híbrido comercial e um não comercial chamado ‘pata-de-porco multicolorido’, uma variedade de milho protegida e disponibilizada pela Associação Colher para Semear. Nesta variedade de milho a polinização é aberta, o que permite manter as sementes depois da recolha, tornando este tipo de cultivo independente de grandes empresas multinacionais e aumentando a soberania alimentar.

Florian Ulm, estudante do doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução de Ciências da Universidade de Lisboa em colaboração com o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), explica que “o milho híbrido é muito utilizado por permitir uma elevada produção. No entanto os nossos resultados demonstram que podemos obter densidades de nutrientes muito mais elevadas nos grãos de milho se utilizarmos variedades de polinização aberta, como o pata-de-porco multicolorido”.

Ao contrário da variedade comercial, os grãos de milho da variedade não comercial exibiram uma maior concentração de micronutrientes e uma menor acumulação de metais pesados, independentemente do tipo de tratamento do solo. A menor concentração de metais pesados constitui um resultado importante no contexto da agricultura urbana, em que a poluição atmosférica é muito elevada, revela agora o estudo.

“Estes resultados demonstram como é importante preservar a diversidade de sementes que resultam da polinização aberta para enfrentar os desafios futuros, como por exemplo alimentar uma população urbana cada vez maior com alimentos nutritivos. Além disso, que tenhamos conhecimento é a primeira vez que são reutilizados com este objetivo resíduos verdes derivados do controlo da acácia através do debaste das plantas, o que contribui para o controlo desta espécie invasora”, sublinha o investigador.

Conheça o estudo em detalhe aqui.

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