Uma apologia das leguminosas

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A agricultura moderna, quer biológica quer industrial, está prisioneira da reposição anual dos teores de azoto reativo no solo através da aplicação de fertilizantes orgânicos ou inorgânicos.

Por: Carlos Aguiar | Engº Agrónomo | Investigador do CIMO-Centro de Investigação de Montanha e Vogal da direção da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens (SPPF)

O azoto é o nutriente mais escasso e que mais condiciona a produtividade da agricultura e dos ecossistemas naturais.

O azoto na forma molecular (N2) constitui cerca de 78% (em volume) do ar da atmosfera. Esta massa imensa de azoto não pode ser utilizada diretamente pelas plantas porque o azoto molecular é quimicamente inerte. As plantas absorvem, sobretudo pelas raízes, duas formas inorgânicas quimicamente reativas de azoto: o ião amónia (NH4 +) e o ião nitrato (NO3 -).

O ião nitrito (NO2-) e certos compostos orgânicos simples (ex. aminoácidos e ureia) são pouco relevantes na nutrição das plantas. Infelizmente, tanto o ião amónia (um pouco menos) como o ião nitrato são muito móveis no solo (são facilmente lixiviados pela água da chuva ou de rega).

Consequentemente, ao contrário do que acontece com o fósforo ou com o potássio, por exemplo, não é possível construir reservas de azoto inorgânico nos solos. Para fazer face a esta tremenda limitação da produtividade, em alguns grupos de plantas com flor evoluíram relações simbióticas com bactérias fixadoras de azoto, morfologicamente expressas ao nível da raiz pela formação de nódulos radiculares, capazes de converter o azoto atmosférico em amónia.

A agricultura moderna, quer biológica quer industrial, está, como adiante se refere, prisioneira da reposição anual dos teores de azoto reativo no solo através da aplicação de fertilizantes orgânicos ou inorgânicos.

As simbioses com bactérias fixadoras de azoto mais frequentes na Natureza desenvolvem-se entre plantas não leguminosas e bactérias do género Frankia. Os seus nódulos, de assinalável tamanho (2-3 cm de diâmetro), observam-se com facilidade, por exemplo, nos amieiros que bordejam os nossos cursos de água permanentes (Alnus glutinosa), no samouco (Morella faya), uma árvore comum na floresta indígena dos Açores e Madeira, e nas casuarinas (género Casuarina), um importante grupo de árvores usado em paisagismo e na restauração ecológica de áreas tropicais secas.

As simbioses mais conhecidas, mais estudadas e de maior importância económica estabelecem-se entre um grupo de bactérias genericamente designadas por rizóbios e as plantas da vasta família das leguminosas.

(continua)

Nota: Artigo publicado na edição Agrotec 25.

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