Ministro do Ambiente defende redução da produção de bovinos entre 25 a 50%

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Uma redução da produção de bovinos entre 25 a 50% para atingir a neutralidade carbónica em 2050 é o que defende o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, numa entrevista publicada esta terça-feira (4 de dezembro) no jornal Público.

De acordo com o responsável pela pasta do Ambiente, para que o saldo líquido de emissões de CO2 passe das 60 megatoneladas em 2015 para zero em 2050 são precisas “mudanças profundas”, nomeadamente o aumento da capacidade de sumidouro da floresta em quatro megatoneladas de dióxido de carbono.

“Para sermos neutros em carbono em 2050, já em 2030, 80% da eletricidade produzida e consumida em Portugal tem de vir de fontes renováveis e quando chegarmos a 2050 tem mesmo de ser 100%”, diz João Pedro Matos Fernandes.

O ministro do Ambiente vai mais longe e diz ainda que este compromisso da neutralidade carbónica em 2050 “não pode deixar de ter reflexos na própria política de apoios até 2050 no sector da agricultura e agropecuária. Do ponto de vista da área agrícola, ela pode e deve ser estendida, mas há aqui uma redução de facto no que respeita à produção pecuária [entre 25% e 50% menos]. Tudo isto vem também no quadro de uma maior liberalização do comércio no mundo, onde a carne de vaca vai chegar a Portugal a preços mais competitivos em muitos casos em relação aquela que conseguimos produzir. Por isso, o aumento da área agrícola, particularmente nos cereais e pomares, está contemplado no roteiro como da maior importância para consolidar a capacidade de neutralidade de sumidouro que temos.”

CAP diz que declarações do ministro revelam “falta de conhecimento”

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já reagiu a estas afirmações e numa nota enviada às redações sublinha a sua “oposição relativamente às intenções do Ministro do Ambiente, no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica, a propósito de uma redução da produção nacional de bovinos entre 25% e 50%.”

“Para a CAP, esta posição demonstra falta de conhecimento da realidade da agricultura portuguesa e só pode constituir uma intenção isolada do ministério do ambiente no conjunto do governo. Com efeito, a produção de bovinos em Portugal é sobretudo efetuada em regime extensivo, com uma contribuição para os gases com efeito de estufa substancialmente inferior à dos sistemas de produção intensivos praticados em outros países. Inclusivamente as pastagens biodiversas existentes no nosso país contribuem precisamente para a fixação do carbono da atmosfera”, refere a organização.

A CAP diz ainda que “existe há mais de 30 anos uma política europeia de preservação das raças autóctones, as quais correspondem a um importante património genético da produção de bovinos em Portugal. Acresce que uma redução da produção de bovinos teria um impacto muito significativo na produção de derivados de leite, queijo, iogurtes, entre outros produtos, os quais iriam também aumentar as importações nacionais e comprometer o nosso crescimento económico. Para além de tudo isto, é naturalmente questionável, do ponto de vista ambiental, que cada país deixe de produzir o que em seguida irá importar de outros países, com uma pegada ecológica provavelmente superior.”

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