Deteção remota para a monitorização das culturas

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Por Ricardo Braga | ricardobraga@isa.ulisboa.pt | ISA-UL

Figura 1

No ciclo de atuação da Agricul­tura de Precisão (AP) a primeira fase diz respeito à observação do sistema agrícola para caracterização da variabilidade espacial e temporal da cultura/solo/terreno.

Esta observação pode ser levada a cabo por sensores instalados no terreno (e.g. sondas de água no solo, sensores de temperatura ou mesmo amostragem pontual) ou em máquinas (e.g. monitores de pro­dutividade).

No primeiro caso é privi­legiada a observação da variabilidade temporal em detrimento da espacial. Atualmente, o custo das sondas mais utilizadas (capacitivas) não permite a sua multiplicação no espaço de uma parcela. No segundo caso acontece o inverso. É dada maior enfase à varia­bilidade espacial.

A deteção remota constitui-se também como uma importantíssima forma de observação dos sistemas agrícolas em geral e de cada par­cela em particular, alvo da gestão no âmbito da AP. Dadas as suas caracte­rísticas, a deteção remota é bastante eficaz na caracterização da variabili­dade temporal e espacial.

No caso do Sentinel 2, disponível de forma livre, a resolução tempo­ral é de cerca de 1 imagem a cada 3 semanas (melhorará quando o Senti­nel 2B ficar totalmente funcional) e a espacial é de 10 metros no visível e infra-vermelho próximo. No caso da deteção remota por aviões tripula­dos ou não tripulados, a resolução temporal é a pedido e a espacial varia entre os escassos centímetros a meio metro. É claro que os custos e as aplicações a que se destinam variam entre cada uma delas, não havendo melhor nem pior, apenas maior ou menor ajuste face a deter­minada cultura e/ou objetivo.

Os recentes avanços quer no domí­nio da deteção remota por satélite quer no domínio dos drones são magníficos no que toca à facilidade de acesso aos dados por parte dos agricultores.

No caso da deteção remota por satélite multiplicam-se as plataformas de acesso gratuito quer às imagens rgb, falsa-cor e outros compósitos mais específicos para a agricultura quer também em relação a índices de vege­tação como o (re)conhecido NDVI, entre outros. Torna-se de facto muito fácil a consulta das imagens mais recen­tes assim como do histórico. É possível procurar por datas, local, percentagem de nuvens, etc. Algumas das plata­formas apresentam imagens quer do Sentinel 2 quer ainda do LANDSAT 7, LANDSAT 8 e MODIS.

Nalgumas é possível ainda calcular áreas e fazer enquadramentos para impressão.

Duas das mais interessantes pla­taformas são produtos de entrada de gama de empresas privadas com pro­dutos mais avançados. Uma delas é o Land Viewer da EOS – Earth Observa­ting System acessível em http://lv.eosda. com/ que permite até a entrada de polígono para referência futura (Fig. 1).

A outra é o Sentinel Hub Playground da Sinergise acessível em http://apps. sentinel-hub.com/sentinel-playground (Fig. 2). O download das imagens para processamento avançado e incorpora­ção num SIG pode ser feito em http:// scihub.copernicus.eu/dhus/ ou direta­mente em software SIG, por exemplo através plugin Semi-automatic Classifi­cation (SCP) do QGIS.

figura 2

A utilização de drones para obten­ção de resoluções espaciais superiores (2 cm a 20 cm) apresenta diversas difi­culdades que vão desde o próprio voo e obtenção de imagens ortogonais até ao processamento das imagens para criar o mosaico final. Até recentemente, só com soluções bastante onerosas do ponto de vista técnico e económico (relativas ao drone, ao voo e ao software de processamento) é que se conse­guiam resultados satisfatórios. Isso fez com que os agricultores e consultores recorressem invariavelmente a presta­dores de serviços.

(Continua)

Nota: Artigo publicado no Suplemento Agrobótica 9.

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